Linhas de Pesquisa / Research Lines
Linhas de Pesquisa desenvolvidas no Neuroscience Coworking Lab:
Linha de Pesquisa 1: Síndrome metabólica (e.g., alterações de colesterol, triglicerídeos e glicemia) como um fator de risco ao desenvolvimento de comprometimento cognitivo leve e doença de Alzheimer: é a principal linha de pesquisa do laboratório, consistindo na caracterização de comprometimento cognitivo leve em modelos experimentais de síndrome metabólica, visando tanto ao desenvolvimento de abordagens terapêuticas e preventivas, quanto ao entendimento de mecanismos moleculares responsáveis pelo declínio cognitivo associado com alterações metabólicas.
Racional: Há muito tempo o consumo de dietas hiperlipídicas e hipercalóricas vem sendo associado ao desenvolvimento de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares (para uma revisão ver Nelson, 2013). Ressalta-se que a obesidade tornou-se uma verdadeira epidemia global que afeta todas as faixas etárias, todas as populações e todos os países. No mundo, mais de 1,9 bilhão de pessoas têm sobrepeso ou obesidade (WHO, 2018). O estilo de vida sedentário e o consumo calórico em excesso são os principais fatores que contribuem para a obesidade, que por sua vez é o principal fator de risco para a Síndrome Metabólica e Diabetes tipo 2. Especificamente no Brasil, duas importantes pesquisas nacionais – uma chamada Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) envolvendo 73 mil adolescentes e outra chamada Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense) envolvendo 100 mil adolescentes de todo o país, desenharam um quadro preocupante. Os dados dos estudos estimam que um em cada quatro adolescentes apresentou excesso de peso (sobrepeso ou obesidade) (IBGE, 2015). O aumento da prevalência da obesidade faz com que a busca por novas estratégias de tratamento para mitigar os efeitos adversos de tal patologia também cresçam. Nesse sentido, pesquisas experimentais visam determinar os mecanismos pelos quais a obesidade aumenta o risco de doenças associadas a ela. Por exemplo, estudos epidemiológicos apontam que o risco do desenvolvimento de doenças que prejudicam as faculdades cognitivas aumenta consideravelmente pela presença de obesidade (Ahtiluoto et al., 2010), dislipidemias (Reitz et al., 2013) e diabetes (Ohara et al., 2011) incluindo a DM2, que representa 90% de todos os casos de diabetes. Não obstante, obesidade é fator de risco para o desenvolvimento de depressão (Luppino et al., 2010). De fato, na última década, no entanto, tem se observado um crescente interesse científico acerca dos efeitos da nutrição sobre a função encefálica. A alimentação crônica rica em gorduras (pelo menos 20% do peso em dietas com alto teor de gordura em comparação com 5% na ração padrão de laboratório) tem sido associada ao desenvolvimento de prejuízos cognitivos em roedores. Ainda, diversas evidências clínicas mostram que dietas ricas em alimentos gordurosos podem ocasionar diminuição no volume do hipocampo, prejuízo na função cognitiva, incluindo memória, eficiência psicomotora e atenção e, mais importante, aumento na vulnerabilidade à depressão e ansiedade (Jacka et al, 2015). Nesse sentido, observa-se a necessidade de um melhor entendimento sobre os fatores responsáveis pela associação das disfunções metabólicas e prejuízos cognitivos e comportamentais, visando o entendimento dos mecanismos subjacentes e o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas para essas patologias.
Linha de Pesquisa 2: Provas de conceito de eficácia pré-clínica para compostos de origem sintética e/ou natural em modelos animais de doenças neurológicas e psiquiátricas: estudo das alterações comportamentais e neuroquímicos em modelos animais das doenças de Parkinson, Alzheimer, Huntington, Esclerose Múltipla, Transtornos do Humor e a investigação pré-clínica de novos alvos e agentes terapêuticos e neuroprotetores para estas doenças .
Racional: Embora os fármacos neuropsiquiátricos tenham sido extremamente rentáveis ao longo das últimas décadas, o desenvolvimento de novos fármacos está estagnado e, durante a última década, poucas drogas obtiveram aprovação em comparação com outras áreas terapêuticas (Hyman, 2013). Ademais, o mecanismo de ação dos antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos amplamente utilizados permanecem relativamente inalterados em relação aos protótipos dos anos 1950. Ainda que progressos significativos em termos de segurança e tolerabilidade tenham sido obtidos, os novos fármacos não conseguiram atingir uma maior eficácia. De fato, a identificação de novos alvos terapêuticos e o desenvolvimento de novos fármacos neuropsiquiátricos se mostra uma tarefa especialmente árdua e complexa. Por exemplo, a saída de empresas farmacêuticas deste mercado, mesmo diante de uma grande e crescente demanda, enfatiza a dificuldade das pesquisas relacionadas ao cérebro e chama a atenção às limitações e desafios que existem para a pesquisa translacional. Mais importante, no entanto, é o fato de que existem diversas lacunas nos tratamentos atuais, resultando em necessidades clínicas não atendidas.
Linha de Pesquisa 3: Prospecção Tecnológica na área farmacêutica por meio de monitoramento tecnológico usando-se análise de documentos de patentes, artigos científicos e bancos de dados de estudos clínicos.
Racional: Na sociedade do conhecimento, a informação é vital ao processo de tomada de decisão por governos, corporações, instituições etc. O uso de estudos prospectivos busca identificar as principais mudanças tecnológicas em um horizonte temporal definido, mapeando as oportunidades e tendo a percepção do risco envolvido na mudança do paradigma tecnológico, podendo identificar quais gargalos em pesquisas são pouco explorados.
Referências:
Ahtiluoto S, et al. Diabetes, Alzheimer disease, and vascular dementia, a population-based neuropathologic study. Neurology. 2010;75(13):1195–1202.
Luppino FS et al. Overweight, obesity, and depression: a systematic review and meta-analysis of longitudinal studies. Arch Gen Psychiatry. 2010 Mar;67(3):220-9. doi: 10.1001/archgenpsychiatry.2010.2.
Hyman, SE. Psychiatric drug development: diagnosing a crisis. Cerebrum 2013:5.
Jacka, F. N. et al. Western diet is associated with a smaller hippocampus : a longitudinal investigation. BMC Medicine, p. 1–8, 2015.
Nelson, R. H. Hyperlipidemia as a Risk Factor for Cardiovascular Disease. Primary Care Clinics in Office Practice, v. 40, n. 1, p. 195–211, 2013.
Ohara T, et al. Glucose tolerance status and risk of dementia in the community, the Hisayama study. Neurology. 2011;77(12):1126–1134.
Reitz C. (2013). Dyslipidemia and the risk of Alzheimer’s disease. Current atherosclerosis reports, 15(3), 307.
WHO, 2018. Obesity in the World. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-overweight.